segunda-feira, 16 de abril de 2012

Impostura

Não há inspiração que supere a da melancolia. Nesta aura radial e envolvente, um mero abrir e fechar de janelas assume a significância de uma afronta, uma manipulação exterior que me provoca a percepção apurada. Nisso compreendo o finar do fluxo que invadiria minha criação, e é necessária uma atitude que retome minha aragem criativa.
  
- Com licença, diletos senhores.

Apenas um dos cinco companheiros se viram à minha demanda.
  
- Estava em minha mesa, aderindo aos meus sentidos, quando não pude reparar que...
  
Ruídos acobertantes.
 
- Huhum.
  
- Falta-me ar que refrigere os espíritos, se é que me entendem.
 
Palavras não reconfiguram matéria. Invado o espaço do grupo, resvalando e desabando cervejas. Minha mão ao esforço de reabrir as ventanas.
  

Despertando a este mundo, deparo-me aderente à calçada, sem o som de meus bolsos e um comichão deslumbrante de orelha. Algo em meu estômago impedindo a compostura ereta. Meu bloco de notas assegurado entre a blusa e a barriga.
  
Reli. Parecia bom. Algo incomodava. Encontrei Fernando com o vinho de encosto à árvore.
 
- Um sinônimo de fluxo, no desfecho do 1º parágrafo.

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