segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Princípio da incerteza

Naturalmente pleno estando com ela. Na ausência, permanente interrogação. Vaga pela mente à caça de qualquer elemento que ressurja sua presença. São indícios do que fora verdade, esboços de sensações distanciadas, suspensas imagens fragmentárias que, ao se prenderem, dificultam o encaixe com outras. Figura sempre incompleta: por mais que receba fluxo não corrige a tendência em dissipar-se.

Ao telefone, se reacende, sempre íntegro à medida que sinta sua voz. À perda do contato, rompimento, com seu ser diminuindo a minuto, de minuto, em minuto. Novamente as memórias, planos, feitos, palavras, sentimentos, entram em cena buscando proximidade. Nunca sabe o que delas sairá, e embora muitas vezes consigam embalá-lo, em hora causam efeito colateral de criar monstros vultuosos – manchas na cristalidade da relação.

Necessário que ela ao menos saiba do sofrimento surgido da ausência. Ao vivo contato, se desvanece o martírio, como se as semanas vazias não lhe houvessem causado efeito algum. Em paz enquanto todo o vivido é presente.

Pretende dizer, esta visita é a hora. Por mais que tente, palavras sem a sensação corrente do que se expõe mostram uma ideia muito frágil do período em questão. Impossível que ela compreenda. Para se observar a posição exata de uma partícula, é preciso visualizá-la com luz, transferindo assim energia – fato que por si só já altera seu momento.

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